Confira o trailer:
Texto: Anna Cavalcanti
A exposição “Patativa Centenário”, em cartaz no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC) desde o dia 9 deste mês, será encerrada na próxima sexta-feira (27). A mostra, que faz parte da comemoração dos cem anos de nascimento do poeta cearense, foi uma das promoções do Festival UFC de Cultura, ocorrido entre os dias 9 e 13 de novembro.
Num clima de sertão criado pelo tom pastel das paredes e pelas aves fictícias penduradas no teto do museu, a exibição apresenta fotografias do acervo de Tiago Santana e xilogravuras de João
Pedro Carvalho Neto, ou João Pedro “do Juazeiro”, como gosta de ser chamado. Feitas sob encomenda para esta exposição, as xilogravuras retratam momentos da vida de Patativa e passagens de alguns de seus poemas.
Uma experimentação de Francisco Bandeira, misturando as duas modalidades, fotografia e xilogravura, também está entre as atrações da mostra. Além de um documentário de Rosemberg Cariry, o visitante ainda encontrará trechos de conhecidos cordéis do poeta, organizados pelo pesquisador e professor do Curso de Comunicação Social da UFC, Gilmar de Carvalho.
"Poeta, cantor da rua
Que na cidade nasceu
Cante a cidade que é sua
Que eu canto o sertão que é meu.”
(Trecho do poema "Canto lá que eu canto cá")
Pedro Humberto, guia e fotógrafo do museu, comemora o aumento do fluxo de visitantes por causa da exposição: “Teve uma procura um pouco maior do que a habitual. Patativa é uma pessoa que sempre atrai”. Para os que não conseguirem ir ao museu até o dia 27, Pedro lembra que na página do MAUC é possível fazer uma visita virtual.
A curadoria da exibição é assinada por Pedro Eymar, diretor do MAUC, que contou com a participação de dois estudantes do curso de arquitetura da Universidade.
Fotos: Tiago Santana
Xilogravura: João Pedro do Juazeiro
As fotos foram escolhidas pelos integrantes do Grupo de Estudos de Imagem Técnica (GEIT) e pelos alunos da disciplina de Fotopublicidade. Segundo a monitora da cadeira - e organizadora da exposição -, Analice Diniz, seis equipes da disciplina elaboraram ensaios para exposição coletiva, já montada no muro do CH2. Cada grupo participa com cinco fotos, acompanhadas por uma ficha técnica - cujo conteúdo explica a proposta temática do ensaio. Já as fotos do GEIT são resultado de fotopasseios e de discussões do grupo.
O Grupo de Extensão de Experimentação em Arte Contemporânea, conhecido por Balbucio, promove a exibição de uma videoinstalação e uma instalação de bonecos de plástico. A proposta é de que uma delas seja exposta no teto do terceiro andar do bloco didático.
Durante a noite, o mural e as fotos estarão espalhados por todo o CH2, em corredores, escadas e paredes do "ventinho". Paralelo a isso, a festa ocorre no Diretório Acadêmico Tristão de Athayde (D.A.T.A.).
A seleção musical, até o momento desta postagem, estará sob o comando dos estudantes Yuri Leonardo, Joaquim Borges, Julio Pio, DV Lucena, Bruno Reis e Flávia.
A atual gestão do D.A., Nenhum passo atrás, preparou um ofício pedindo a autorização para a festa. No entanto, "o ofício está sendo a pedra no sapato", disse Lara Vasconcelos. O problema está em conseguir assinaturas da coordenação de todos os cursos do CH 2 para garantir a realização da festa.
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>> De acordo com um dos organizadores do Cilada Mista, Bruno Reis (8º semestre de Jornalismo), a ideia do projeto surgiu a partir da vontade do professor Silas de Paula e da coordenadora, Glícia Pontes, de promover um evento para comemorar o final do semestre. O intuito seria expor trabalhos finais de disciplinas, e também confraternizar.
>> Garantiram presença no evento os seguintes professores: Beatriz Furtado, Wellington Jr., Silas de Paula e Glícia Pontes. Rola o boato na lista de e-mails do curso (D.A.T.A.) de que a professora Beatriz Furtado aconselhou aos estudantes que caprichassem nas roupas de baixo, pois será realizada uma ação em resposta ao episódio com Geisy Arruda, estudante da Uniban.
Texto: Juliana Diógenes
Senhoras e senhores, eu lhes apresento o melhor seriado de televisão de todos os tempos.
Exibido pelo canal a cabo HBO entre 2002 e 2008, com 60 episódios de uma hora ao longo de cinco temporadas, The Wire é produto da mente genial de David Simon, ex-jornalista policial do jornal Baltimore Sun. Cansado de seriados policiais tradicionais, com tramas esquemáticas, vilões definidos, detetives motivados pelo desejo de ver justiça e soluções fáceis, Simon buscou criar, junto com seu parceiro de trabalho, o ex-policial e professor de escola Ed Burns, um seriado que funcionasse tanto como um tratado sobre a futilidade da guerra às drogas e sobre a miséria produzida pelo capitalismo desregulado, quanto como exemplar de um novo tipo de televisão, mais atrelada à realidade e permeada por uma narrativa de inspiração literária, cuja qualidade inegável levou o exigente crítico de televisão Charlie Brooker a dedicar um episódio inteiro de seu programa a uma tentativa de convencer os espectadores a testemunharem esse clássico moderno. Diversos veículos chegaram a qualificar o seriado como o melhor programa na televisão, incluindo TIME, Entertainment Weekly e The Guardian. No que tange à qualidade, The Wire figura em um patamar completamente diferente de tudo que já foi produzido pela indústria televisiva americana. Apesar de nunca ter se constituído em um sucesso de audiência, atraiu fãs ilustres, entre eles Barack Obama, que chegou a declarar que este é seu seriado preferido.
“Eles podem te mastigar, mas uma hora vão ter que te cuspir.”
Definir The Wire puramente como um drama policial é um erro grosseiro. Enquanto boa parte da produção artística moderna, incluindo programas de televisão geniais como The Sopranos e Deadwood, é inspirada por ideais shakesperianos e pós-shakesperianos de individualidade e afirmação da identidade e da capacidade de decidir seu próprio destino em frente aos perigos do mundo, os criadores de The Wire colheram inspiração em uma fonte pouco utilizada, as tragédias gregas de autores como Aeschylus, Eurípedes e Sófocles. No entanto, no lugar de heróis falhos sendo manipulados e condenados a destinos trágicos por deuses onipresentes, The Wire apresenta cidadãos de uma cidade americana tendo suas vidas manipuladas pela ação de instituições falhas que buscam apenas a própria sobrevivência. Segundo Simon, o show “é sobre a cidade americana, e como nós vivemos em conjunto. É sobre como as instituições tem um efeito sobre os indivíduos, e como, quer você seja um policial, um operário, um traficante de drogas, um político, um juiz ou um advogado, você está ultimamente comprometido com qualquer instituição que tenha se afiliado. Ao invés dos deuses antigos, The Wire é uma tragédia grega em que as instituições pós-modernas são as forças olimpianas."
A primeira temporada nos joga diretamente no meio da luta da polícia contra os traficantes da parte ocidental da cidade, aproveitando para analisar a guerra às drogas e a maneira como esta, inevitavelmente, transforma-se em uma guerra contra a população de classe baixa. Acompanhamos o ponto de vista dos policiais que passam a integrar um destacamento e dos traficantes investigados pela unidade.
“...e todas as peças são importantes.”
Não há qualquer tentativa de mostrar algum tipo de virtuosismo por parte dos policiais – a unidade foi formada quase que por acaso, e os melhores detetives são motivados não pela preocupação com as vítimas ou com a necessidade de fazer valer a justiça, mas pelo desafio intelectual de montar um caso sólido e pela necessidade quase narcisista de provar que são mais inteligentes que os traficantes que perseguem, em um jogo de gato e rato que se torna mais instigante pelo brilhantismo demonstrado pelos membros dos dois grupos. A análise do trabalho policial é absolutamente honesta e reveladora e ganha credibilidade devido à própria experiência dos criadores do programa no ramo. Depois de assistir a The Wire, você nunca mais vai olhar para aquelas coletivas de imprensa em que a polícia mostra as drogas que foram apreendidas em cima da mesa com os mesmos olhos.
Além dos policiais e dos criminosos, também acompanhamos o ponto de vista daqueles que vivem nas ruas, dos viciados em heroína que contam apenas com a própria esperteza para sobreviver em Baltimore.
“Só um gangster, eu suponho.”
São os personagens memoráveis, junto com os atores que os interpretam, que se constituem como o maior trunfo do programa. Avon Barksdale, o chefe da organização de tráfico, é quase uma lenda, jamais interagindo diretamente com seus subalternos e contando com o racionalismo frio e calculista de seu amigo e braço direito, o estudante de economia Stringer Bell, que administra o tráfico de drogas aplicando uma lógica de mercado. D’Angelo, traficante de nível médio que administra a venda de drogas em um ponto da parte pobre da cidade, imediatamente desperta a simpatia do espectador com o camaradismo com que trata seus empregados e pelo seu desejo de evitar o uso da violência. O orgulhoso e auto-destrutivo detetive McNulty é a força-motriz que leva a história adiante, e seu hábito de ir fora da cadeia de comando para conseguir mobilizar a polícia é fonte de extrema irritação para com seus superiores. Bubbles, o informante da polícia e viciado em heroína com um conhecimento vasto sobre a vida nas ruas de Baltimore, representa uma janela para um estilo de vida miserável e desesperançado inconcebível para o espectador de classe média.
“É uma linha fina entre o céu e aqui.”
E há Omar. Único personagem verdadeiramente independente, o assaltante de traficantes homossexual é um poço de contradições: rouba, mas apenas de criminosos; é um assassino extremamente durão e perspicaz, constantemente trapaceando os maiores chefes do tráfico e instaurando medo no coração dos criminosos de Baltimore, mas também apresenta uma faceta vulnerável que permite que o espectador se identifique com o indivíduo.
Simon e Burns verdadeiramente amam seus personagens, dando-lhes vozes únicas e visões de mundo particulares, ao mesmo tempo em que jamais relativizam as consequencias brutais de seus atos. Ao longo dos episódios, os personagens crescem e mudam diante do espectador – indivíduos desagradáveis passam a despertar simpatia, revelando detalhes de suas personalidades previamente desconhecidos.
“Um homem tem que ter um código.”
Mas isso não é tudo. Cada temporada nos apresenta a uma diferente instituição e a uma diferente faceta de Baltimore: a segunda introduz o porto e aproveita para mostrar a forma como as drogas entram na cidade, analisando a morte da classe trabalhadora americana no processo. A terceira temporada destrincha o ponto de vista dos políticos e versa sobre a possibilidade de reforma, em diferentes níveis. A quarta mostra, pela primeira vez, as escolas públicas da cidade e, aproveitando a experiência do co-criador Ed Burns como professor, revela a maneira como as crianças pobres da cidade acabam se metamorfoseando nos traficantes de drogas que passamos a conhecer. A quinta temporada introduz o aspecto da mídia e busca explicar a incapacidade do jornalismo de cobrir os temas e acontecimentos verdadeiramente relevantes para a população.
O seriado introduz todos esses aspectos da cidade de maneira orgânica, jamais soando enfadonho e, ao mesmo tempo, desenvolvendo tramas repletas de reviravoltas, suspense e drama genuinamente humano. É refrescante encontrar um produto televisivo que não faz concessões, tratando os espectadores como adultos e deixando que eles se adaptem lentamente aos termos técnicos e às gírias utilizadas pelos personagens. Tudo é meticulosamente planejado e elegantemente conduzido. A abordagem multidimensional revela todos os pontos de vista pertinentes. Ao final do programa, temos um panorama vivo de uma cidade americana, com todas as suas principais instituições e seus indivíduos, seus policiais, traficantes, viciados, políticos, professores, trabalhadores e jornalistas, uma fractal que escancara todos os problemas da vida urbana moderna.
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OBS: The Wire foi exibido pela HBO sob o nome de A Escuta. DVDs da série não foram lançados. Se você pretende assistir aos episódios, pode baixar a primeira, a segunda, a terceira, a quarta e a quinta temporada utilizando um programa que faça download de torrents. Legendas em português-BR podem ser encontradas no site LEGENDAS.TV
Além do público mais velho, que acompanha o trabalho do cantor há mais tempo, era considerável o número de jovens que vibravam a cada sucesso executado pelo ídolo. Influenciado pela mãe, Walter Wizzard (22) ressaltou: “acho as letras muito fortes, ele fala do Ceará, da nossa cultura”.
Com sotaque bem marcado, o cantor cearense também ganhou os jovens pela forma como fala de amor: “gosto das músicas dele porque falam de amor de uma forma nordestina, prosaica”, disse Daniel Mamede (18).
Sobre o show ter ocorrido no Campus do Pici, a estudante Aby Rodrigues (20) elogiou: “Achei a ideia de descentralizar [os shows] do Benfica muito boa. Sem reclamações, não ouvi falar de violência”.