sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Paixões avassaladoras em "A Bela Junie", de Christophe Honoré


A Bela Junie(La Belle Personne, 2008), produção mais recente do diretor francês Christophe Honoré, aborda uma das temáticas mais triviais do universo do cinema: a adolescência. Como em seus últimos filmes, Canções de Amor e Em Paris, o diretor continua insistindo em trazer a paixão e seus rompantes explosivos à tona.

Livremente inspirado na obra La Princesse de Clèves, de Madame de La Fayette – livro escrito no século XVII -, o filme retrata a adolescência de forma diferenciada, numa abordagem diversa da que costumamos ver nas produções norte-americanas. Em A Bela Junie, as personagens adolescentes são mais maduras e modernas, carregam seus próprios conflitos e dilemas. A própria Junie (Léa Seydoux), logo no início do filme, suporta o peso de ter perdido a mãe aos 16 anos.

Após a morte de sua mãe, Junie se muda para a casa de seu primo Mathias (Esteban Carvajal-Alegria), para entrar numa nova escola e terminar o ano acadêmico. Lá, ela conhece alguns amigos de seu primo e sua beleza chama a atenção dos novos colegas. Esse é o ponto de partida do diretor para a criação de um triâgulo amoroso, constituído por Junie, Otto (Grégoire Leprince-Ringuet) e Nemours (Louis Garrel) – presença cativa em todos os filmes de Honoré.

Quando as intrigas se instalam, as personagens passam a reagir de forma passional ao que lhes acontece, mostrando a intensidade das paixões adolescentes. A única a se salvar do padrão é Junie, que se mantém fria e altiva ao longo do filme. Intrigas aparentemente bobas trazem à superfície o ponto central dos filmes de Honoré, o amor romântico, quase shakespeariano. Em A Bela Junie, algumas personagens vivem e morrem de amor, literalmente. Apesar dos apelos dramáticos da trama, as cenas conseguem transparecer seu arrebatamento sem que seja necessário o uso de apelos visuais graves.

A qualidade do filme está nas bem trabalhadas cenas de silêncio, algumas vezes quebrado pela trilha sonora de baladas lentas e melancólicas. As cores opacas usadas em todas as cenas, carregadas de drama, reforçam o tom sentimental e triste da obra. Até a beleza de Junie, destacada no título, pode ser contestada a princípio: há que se observar atentamente para perceber a exuberância que se esconde por detrás das roupas frouxas e do cabelo despenteado da moça.

Neste novo filme do diretor, encontramos simultaneamente a presença e a ausência do amor dispostas de forma trágica, interessante para quem gosta de roteiros irreverentes. Enfim, A Bela Junie poderia ser visto como mais um filme que retrata o universo adolescente, contudo, à sua maneira, Christophe Honoré conseguiu abordar essa fase da vida com menos clichês e mais sensibilidade.

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Confira o trailer:





Texto: Anna Cavalcanti
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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Últimos dias para conferir "Patativa Centenário"



A exposição “Patativa Centenário”, em cartaz no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC) desde o dia 9 deste mês, será encerrada na próxima sexta-feira (27). A mostra, que faz parte da comemoração dos cem anos de nascimento do poeta cearense, foi uma das promoções do Festival UFC de Cultura, ocorrido entre os dias 9 e 13 de novembro.

Num clima de sertão criado pelo tom pastel das paredes e pelas aves fictícias penduradas no teto do museu, a exibição apresenta fotografias do acervo de Tiago Santana e xilogravuras de João

Pedro Carvalho Neto, ou João Pedro “do Juazeiro”, como gosta de ser chamado. Feitas sob encomenda para esta exposição, as xilogravuras retratam momentos da vida de Patativa e passagens de alguns de seus poemas.

Uma experimentação de Francisco Bandeira, misturando as duas modalidades, fotografia e xilogravura, também está entre as atrações da mostra. Além de um documentário de Rosemberg Cariry, o visitante ainda encontrará trechos de conhecidos cordéis do poeta, organizados pelo pesquisador e professor do Curso de Comunicação Social da UFC, Gilmar de Carvalho.



"Poeta, cantor da rua

Que na cidade nasceu

Cante a cidade que é sua

Que eu canto o sertão que é meu.”


(Trecho do poema "Canto lá que eu canto cá")


Pedro Humberto, guia e fotógrafo do museu, comemora o aumento do fluxo de visitantes por causa da exposição: “Teve uma procura um pouco maior do que a habitual. Patativa é uma pessoa que sempre atrai”. Para os que não conseguirem ir ao museu até o dia 27, Pedro lembra que na página do MAUC é possível fazer uma visita virtual.

A curadoria da exibição é assinada por Pedro Eymar, diretor do MAUC, que contou com a participação de dois estudantes do curso de arquitetura da Universidade.


Texto: Raphaelle Batista

Fotos: Tiago Santana

Xilogravura: João Pedro do Juazeiro

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Cilada mista movimenta Centro de Humanidades 2


Um evento organizado por estudantes do curso de Comunicação Social (Jornalismo e Publicidade), da UFC, promete animar o Centro de Humanidades 2 na noite de amanhã (24). Intitulado Cilada Mista, o projeto está marcado para acontecer a partir das 18h. De acordo com uma das organizadoras, Lara Vasconcelos - estudante do 4º semestre de Jornalismo -, haverá exposições de fotos, além de um mural do jornal MaisJabá, e uma festa cujas músicas serão selecionadas pelos próprios estudantes dos dois cursos.

As fotos foram escolhidas pelos integrantes do Grupo de Estudos de Imagem Técnica (GEIT) e pelos alunos da disciplina de Fotopublicidade. Segundo a monitora da cadeira - e organizadora da exposição -, Analice Diniz, seis equipes da disciplina elaboraram ensaios para exposição coletiva, já montada no muro do CH2. Cada grupo participa com cinco fotos, acompanhadas por uma ficha técnica - cujo conteúdo explica a proposta temática do ensaio. Já as fotos do GEIT são resultado de fotopasseios e de discussões do grupo.

O Grupo de Extensão de Experimentação em Arte Contemporânea, conhecido por Balbucio, promove a exibição de uma videoinstalação e uma instalação de bonecos de plástico. A proposta é de que uma delas seja exposta no teto do terceiro andar do bloco didático.

Durante a noite, o mural e as fotos estarão espalhados por todo o CH2, em corredores, escadas e paredes do "ventinho". Paralelo a isso, a festa ocorre no Diretório Acadêmico Tristão de Athayde (D.A.T.A.).

A seleção musical, até o momento desta postagem, estará sob o comando dos estudantes Yuri Leonardo, Joaquim Borges, Julio Pio, DV Lucena, Bruno Reis e Flávia.

A atual gestão do D.A., Nenhum passo atrás, preparou um ofício pedindo a autorização para a festa. No entanto, "o ofício está sendo a pedra no sapato", disse Lara Vasconcelos. O problema está em conseguir assinaturas da coordenação de todos os cursos do CH 2 para garantir a realização da festa.

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>> De acordo com um dos organizadores do Cilada Mista, Bruno Reis (8º semestre de Jornalismo), a ideia do projeto surgiu a partir da vontade do professor Silas de Paula e da coordenadora, Glícia Pontes, de promover um evento para comemorar o final do semestre. O intuito seria expor trabalhos finais de disciplinas, e também confraternizar.

>> Garantiram presença no evento os seguintes professores: Beatriz Furtado, Wellington Jr., Silas de Paula e Glícia Pontes. Rola o boato na lista de e-mails do curso (D.A.T.A.) de que a professora Beatriz Furtado aconselhou aos estudantes que caprichassem nas roupas de baixo, pois será realizada uma ação em resposta ao episódio com Geisy Arruda, estudante da Uniban.


Texto: Juliana Diógenes

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sábado, 21 de novembro de 2009

The Wire - A Escuta

Senhoras e senhores, eu lhes apresento o melhor seriado de televisão de todos os tempos.

Exibido pelo canal a cabo HBO entre 2002 e 2008, com 60 episódios de uma hora ao longo de cinco temporadas, The Wire é produto da mente genial de David Simon, ex-jornalista policial do jornal Baltimore Sun. Cansado de seriados policiais tradicionais, com tramas esquemáticas, vilões definidos, detetives motivados pelo desejo de ver justiça e soluções fáceis, Simon buscou criar, junto com seu parceiro de trabalho, o ex-policial e professor de escola Ed Burns, um seriado que funcionasse tanto como um tratado sobre a futilidade da guerra às drogas e sobre a miséria produzida pelo capitalismo desregulado, quanto como exemplar de um novo tipo de televisão, mais atrelada à realidade e permeada por uma narrativa de inspiração literária, cuja qualidade inegável levou o exigente crítico de televisão Charlie Brooker a dedicar um episódio inteiro de seu programa a uma tentativa de convencer os espectadores a testemunharem esse clássico moderno. Diversos veículos chegaram a qualificar o seriado como o melhor programa na televisão, incluindo TIME, Entertainment Weekly e The Guardian. No que tange à qualidade, The Wire figura em um patamar completamente diferente de tudo que já foi produzido pela indústria televisiva americana. Apesar de nunca ter se constituído em um sucesso de audiência, atraiu fãs ilustres, entre eles Barack Obama, que chegou a declarar que este é seu seriado preferido.

“Eles podem te mastigar, mas uma hora vão ter que te cuspir.”

Definir The Wire puramente como um drama policial é um erro grosseiro. Enquanto boa parte da produção artística moderna, incluindo programas de televisão geniais como The Sopranos e Deadwood, é inspirada por ideais shakesperianos e pós-shakesperianos de individualidade e afirmação da identidade e da capacidade de decidir seu próprio destino em frente aos perigos do mundo, os criadores de The Wire colheram inspiração em uma fonte pouco utilizada, as tragédias gregas de autores como Aeschylus, Eurípedes e Sófocles. No entanto, no lugar de heróis falhos sendo manipulados e condenados a destinos trágicos por deuses onipresentes, The Wire apresenta cidadãos de uma cidade americana tendo suas vidas manipuladas pela ação de instituições falhas que buscam apenas a própria sobrevivência. Segundo Simon, o show “é sobre a cidade americana, e como nós vivemos em conjunto. É sobre como as instituições tem um efeito sobre os indivíduos, e como, quer você seja um policial, um operário, um traficante de drogas, um político, um juiz ou um advogado, você está ultimamente comprometido com qualquer instituição que tenha se afiliado. Ao invés dos deuses antigos, The Wire é uma tragédia grega em que as instituições pós-modernas são as forças olimpianas."

A primeira temporada nos joga diretamente no meio da luta da polícia contra os traficantes da parte ocidental da cidade, aproveitando para analisar a guerra às drogas e a maneira como esta, inevitavelmente, transforma-se em uma guerra contra a população de classe baixa. Acompanhamos o ponto de vista dos policiais que passam a integrar um destacamento e dos traficantes investigados pela unidade.

“...e todas as peças são importantes.”

Não há qualquer tentativa de mostrar algum tipo de virtuosismo por parte dos policiais – a unidade foi formada quase que por acaso, e os melhores detetives são motivados não pela preocupação com as vítimas ou com a necessidade de fazer valer a justiça, mas pelo desafio intelectual de montar um caso sólido e pela necessidade quase narcisista de provar que são mais inteligentes que os traficantes que perseguem, em um jogo de gato e rato que se torna mais instigante pelo brilhantismo demonstrado pelos membros dos dois grupos. A análise do trabalho policial é absolutamente honesta e reveladora e ganha credibilidade devido à própria experiência dos criadores do programa no ramo. Depois de assistir a The Wire, você nunca mais vai olhar para aquelas coletivas de imprensa em que a polícia mostra as drogas que foram apreendidas em cima da mesa com os mesmos olhos.

Além dos policiais e dos criminosos, também acompanhamos o ponto de vista daqueles que vivem nas ruas, dos viciados em heroína que contam apenas com a própria esperteza para sobreviver em Baltimore.

“Só um gangster, eu suponho.”

São os personagens memoráveis, junto com os atores que os interpretam, que se constituem como o maior trunfo do programa. Avon Barksdale, o chefe da organização de tráfico, é quase uma lenda, jamais interagindo diretamente com seus subalternos e contando com o racionalismo frio e calculista de seu amigo e braço direito, o estudante de economia Stringer Bell, que administra o tráfico de drogas aplicando uma lógica de mercado. D’Angelo, traficante de nível médio que administra a venda de drogas em um ponto da parte pobre da cidade, imediatamente desperta a simpatia do espectador com o camaradismo com que trata seus empregados e pelo seu desejo de evitar o uso da violência. O orgulhoso e auto-destrutivo detetive McNulty é a força-motriz que leva a história adiante, e seu hábito de ir fora da cadeia de comando para conseguir mobilizar a polícia é fonte de extrema irritação para com seus superiores. Bubbles, o informante da polícia e viciado em heroína com um conhecimento vasto sobre a vida nas ruas de Baltimore, representa uma janela para um estilo de vida miserável e desesperançado inconcebível para o espectador de classe média.

“É uma linha fina entre o céu e aqui.”

E há Omar. Único personagem verdadeiramente independente, o assaltante de traficantes homossexual é um poço de contradições: rouba, mas apenas de criminosos; é um assassino extremamente durão e perspicaz, constantemente trapaceando os maiores chefes do tráfico e instaurando medo no coração dos criminosos de Baltimore, mas também apresenta uma faceta vulnerável que permite que o espectador se identifique com o indivíduo.

Simon e Burns verdadeiramente amam seus personagens, dando-lhes vozes únicas e visões de mundo particulares, ao mesmo tempo em que jamais relativizam as consequencias brutais de seus atos. Ao longo dos episódios, os personagens crescem e mudam diante do espectador – indivíduos desagradáveis passam a despertar simpatia, revelando detalhes de suas personalidades previamente desconhecidos.

“Um homem tem que ter um código.”

Mas isso não é tudo. Cada temporada nos apresenta a uma diferente instituição e a uma diferente faceta de Baltimore: a segunda introduz o porto e aproveita para mostrar a forma como as drogas entram na cidade, analisando a morte da classe trabalhadora americana no processo. A terceira temporada destrincha o ponto de vista dos políticos e versa sobre a possibilidade de reforma, em diferentes níveis. A quarta mostra, pela primeira vez, as escolas públicas da cidade e, aproveitando a experiência do co-criador Ed Burns como professor, revela a maneira como as crianças pobres da cidade acabam se metamorfoseando nos traficantes de drogas que passamos a conhecer. A quinta temporada introduz o aspecto da mídia e busca explicar a incapacidade do jornalismo de cobrir os temas e acontecimentos verdadeiramente relevantes para a população.

O seriado introduz todos esses aspectos da cidade de maneira orgânica, jamais soando enfadonho e, ao mesmo tempo, desenvolvendo tramas repletas de reviravoltas, suspense e drama genuinamente humano. É refrescante encontrar um produto televisivo que não faz concessões, tratando os espectadores como adultos e deixando que eles se adaptem lentamente aos termos técnicos e às gírias utilizadas pelos personagens. Tudo é meticulosamente planejado e elegantemente conduzido. A abordagem multidimensional revela todos os pontos de vista pertinentes. Ao final do programa, temos um panorama vivo de uma cidade americana, com todas as suas principais instituições e seus indivíduos, seus policiais, traficantes, viciados, políticos, professores, trabalhadores e jornalistas, uma fractal que escancara todos os problemas da vida urbana moderna.

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OBS: The Wire foi exibido pela HBO sob o nome de A Escuta. DVDs da série não foram lançados. Se você pretende assistir aos episódios, pode baixar a primeira, a segunda, a terceira, a quarta e a quinta temporada utilizando um programa que faça download de torrents. Legendas em português-BR podem ser encontradas no site LEGENDAS.TV


Texto: George Pedrosa
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sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Fagner agita II Festival UFC de Cultura

A Universidade Federal do Ceará foi palco do II Festival UFC de Cultura durante a semana passada, entre os dias 9 e 13 de novembro.

Com o tema “Ecos Nordeste, Cultura e Desenvolvimento”, o evento homenageou o centenário de Patativa do Assaré com exposição no Museu de Arte da UFC (MAUC).


Palestrantes nacionais e locais deram o tom às discussões sobre as dificuldades do Nordeste urbano no contexto atual A produção audiovisual foi destacada com a exibição de curtas e longametragens na Casa Amarela.

As noites do Festival contaram com shows de artistas que animaram o público num palco montado no Campus do Pici. Dentre as atrações, Fagner, Mundo Livre S/A, Ítalo e Reno, Groovytown e Daniel Gonzaga.

O show do cearense Raimundo Fagner comandou a noite da quinta-feira (12). Na mesma ocasião, em palco montado na entrada do campus do Pici, apresentaram-se também o Samba das Rosas e a banda Cascabulho.

Após o show do Samba das Rosas e o discurso inflamado do coordenador de Comunicação e Marketing da UFC, Paulo Mamede, Fagner foi chamado ao palco, às 20h30. Cantou para público estimado em oito mil pessoas, de acordo com a produção do Festival UFC de Cultura.

O show

O cantor cearense abriu a apresentação com a música Romance no Deserto, versão de Romance en Durango, de Bob Dylan. Em seguida, cumprimentou o público lamentando: “Tanto que eu tentei entrar aqui e não consegui”.

Detalhe sem importância para os fãs que acompanharam o show cantando, em coro, sucessos como Mucuripe, Espumas ao vento e Deslizes. Marcadas por inovações, as melodias iam das batidas fortes da percussão aos sons agudos da guitarra, passa ndo pelo uso de um chocalho.

Os ritmos diferenciados que ora lembravam reggae, ora lembravam lambada, não tiraram o romantismo característico do repertório de Fagner. Pelo contrário, as tristes letras de amor ganharam tom mais comercial. Comemorando 35 anos de carreira, o cantor ainda mostrou ao público músicas do novo álbum, Uma canção no Rádio.

Me dá meu coração
, inédita, e Flor de Mamulengo, conhecida pela interpretação da banda Mastruz com Leite, são duas faixas do novo trabalho apresentadas a quem estava no Pici. Fagner encerrou o show com Vaca Estrela e Boi Fubá, justificando: “essa última música não podia deixar de cantar pra vocês”. O poema de Patativa do Assa ré, consagrado na voz de Luiz Gonzaga, foi seguido do sucesso Canteiros e de uma nova versão para Águas de março, de Tom Jobim.

Fagner para todas as idades
Público diversificado foi o que se viu no show de Fagner na noite do ultimo dia 12

Além do público mais velho, que acompanha o trabalho do cantor há mais tempo, era considerável o número de jovens que vibravam a cada sucesso executado pelo ídolo. Influenciado pela mãe, Walter Wizzard (22) ressaltou: “acho as letras muito fortes, ele fala do Ceará, da nossa cultura”.


Com sotaque bem marcado, o cantor cearense também ganhou os jovens pela forma como fala de amor: “gosto das músicas dele porque falam de amor de uma forma nordestina, prosaica”, disse Daniel Mamede (18).


Sobre o show ter ocorrido no Campus do Pici, a estudante Aby Rodrigues (20) elogiou: “Achei a ideia de descentralizar [os shows] do Benfica muito boa. Sem reclamações, não ouvi falar de violência”.


Público

Os estudantes Helano Bezerra e Natália Félix chegaram mais cedo ao Campus do Pici para aproveitar o show. Enquanto a multidão não chegava, os dois aproveitaram para sentar à grama e colocar o papo em dia: "Estamos aqui pela diversão". Apesar de não serem muito fãs do cantor, os estudantes aguardavam algumas de suas canções mais famosas, como "Borbulhas de amor" e "Canteiros".

O show conseguiu reunir uma multidão bastante diversificada. Dentre mais de dois mil estudantes, os funcionários e professores da UFC também marcaram presença na quarta noite do Festival.


O economista e funcionário da Pró-Reitoria, José César Pontes se auto-intitulou fã de Fagner. José César disse que admira o trabalho do cantor desde que ele passou a musicar poemas de Patativa do Assaré. Em sua companhia, estava Mário César Wiegand, mestre em Engenharia Agrícola, que não conhecia a fundo o trabalho do cantor, mas foi ao show disposto a conhecer mais.



O microempresário César Pontes viu no show gratuito uma boa oportunidade para apresentar às suas filhas, Isabele e Joelie, o trabalho do seu cantor favorito. César acompanha a carreira do cantor desde o início e, após longa insistência, transformou sua esposa, Suelí Sousa, numa segunda fã. Sua maior expectativa era que Fagner cantasse "Vaca Estrela e Boi Fubá", canção criada a partir de um poema de Patativa do Assaré.



Em meio a uma multidão de desconhecidos, as personalidades se destavacam. O deputado estadual, João Alfredo, chegou cedo ao Campus do Pici para assistir ao show de Fagner e disse: "tenho uma identificação maior com os primeiros discos".

O deputado tinha boas expectativas para o show e aguardava suas canções favoritas, "Asa partida" e "Conflito". Indo além, João Alfredo disse que o cantor ganhou mais importância na atualidade por ter gravado com Mercedes Sousa, famosa cantora argentina que faleceu recentemente.


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